The Black Baloon


domingo, 27 de novembro de 2011

Escurecido pela tua ausência

Tô bem assim, bem indiferente. O coração, um cactus. Não me importo mais. 
(Caio Fernando Abreu. Carta a Maria Lídia Magliani)


(…) e choro sempre quando os dias terminam porque sei que não nos procuraremos pelas noites, quando o meu perigo  aumenta e sem me conter te assaltaria feito um vampiro faminto para te sangrar e te deixar mudo, sem nenhuma história a te esconder de mim, enquanto meus dentes penetrando nas veias da tua garganta arrancassem do fundo essa vida que me negas delicadamente, de cada vez que me procuras e me tomas, contudo me enveneno mais quando não vens e ninguém então me sabe parado feito velho num resto de sol de agosto, escurecido pela tua ausência (…)


(Caio Fernando Abreu. À beira do mar aberto, in: Os dragões não conhecem o paraíso)