The Black Baloon


quinta-feira, 9 de junho de 2011

Poderia ser qualquer um...

Havia duas moedas no meu bolso.
A noite estava quase terminando, e voltando para casa com ele meus pensamentos descansavam. Minha cabeça já não era confusa, havia um caminho o qual o destino chegava sempre que ele largava minha mão me dava um beijo e desaparecia na curva.
Naquela noite em especial eu senti que poderia abrir meu coração sem medo de rejeição eu senti que ele estaria lá para mim. Chegando ao fim do caminho eu como sempre hesitei em abraça-lo, não por falta de querer, mas pelo medo de ser rejeitada. Foi quando eu senti seu braço me puxando para perto de seu corpo e assim me cobrando um beijo. E ali eu estava... Boba, feliz, completa e abraçando o cara pelo qual tinha me apaixonado em três dias e perdido a cabeça por não saber lidar coma nova situação. Em meio à conversa eu me lembrei das duas moedas, me veio à cabeça as moedas quando eu vi ao nosso lado uma poça d’água que havia formado naquela mesma noite com a chuva que quase me impediu de esta com ele naquele dia. Peguei as duas moedas. Fiquei com uma e dei outra a ele e falei que ia jogar na poça usando minha farta fantasia transformando a poça em fonte dos desejos. Eu joguei a minha moeda e logo em seguida ele jogou a dele. Eu perguntei o que ele havia pedido, ele aproximou se me beijou e disse, um realizou-se agora e o outro...
Ele disse algo que não  lembro agora, mas que me encheu de duvidas, insegurança, incerteza e muito medo naquele momento. Eu comecei a pensar no que eu tinha pedido, e se de fato eu queria que fosse verdade. Foi quando minha cabeça começou a girar e parecia que o mundo tinha caído sobre mim, toda a minha segurança estava desaparecendo com a vontade de chorar que era quase incontrolável. Tentei não falar para que ele não notasse minha voz que provavelmente sairia tremula. Enquanto eu o abraçava me veio à mente vários momentos juntos. Lembrei-me das vezes em que ele me fez sentir incapaz, insuficiente, substituível e desajeitada, de quando não segurou minha mão, de quando não esteve lá por mim, não me realizou. Não se importou com o que eu sentia, de quando me trocou, me rejeitou, me negou um beijo, das vezes em que eu chorei do lado dele e nem sequer notou minha tristeza, ou notou, mas deu o nome de mau humor, a minha infelicidade.  Do amor, carinho e respeito que ele atirou fora quando fingiu um amor só pra se sentir superior, sem se importar que eu talvez fosse sofrer por tamanha criancice e atitude impulsiva de um moleque que nem sequer tem barba o suficiente para dizer “pai olha já sou homem”
Ele, o garoto moleque o qual eu jurava ser sem malicia e maldade estava bem ali derramando meu orgulho na lama e pisando como quem limpa os sapatos em um tapete velho e sujo. Naquela noite ele não perguntou o que eu havia pedido quando joguei a minha única moeda na poça que minha mente fantasiou enquanto estava em seus braços, imagino... Talvez fosse indiferente o que eu senti, mas se tivesse perguntado saberia que eu pedi para ficar com ele por toda a vida.  E quão ingênua foi a minha intenção que nem notei o mal que me fiz.

Maria.