The Black Baloon


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

 Falar de melancolia é fácil. Os dicionários estão recheadíssimos de palavras bonitas que tendem tristes a explicar o sofrimento dos outros. O difícil é falar da alegria. Alegria que pode ser felicidade momentânea, mas quase não tem sinônimos na literatura.
O estar bem não inspira, não vira música nem poesia. Estar triste é sentimento premiado no Oscar de melhor drama, é realidade inventada para vencer o tédio que é ser comum e não ter do que reclamar. "

Verônica H.
Você ri do medo que eu tenho de você me pedir em namoro, sofre em silêncio quando eu falo que tenho medo de enjoar de você e tenta entender o motivo de eu ter tantos medos escondidos por trás da minha mania de demonstrar segurança.

Verônica H.


"Tenho a palavra poesia tatuada no meu corpo e quando alguém me pergunta o motivo pelo qual eternizei essas seis letras em minha pele, eu faço questão de subir na mesa e responder aos gritos, para o bar inteiro ouvir: “Poesia vai muito além das rimas, dos versos, dos sonetos e da definição limitada descrita nos dicionários. Poesia não existe apenas no papel, nos livros e no timbre incontido dos poetas por profissão. Poesia é um ângulo possível e ultra privilegiado, um modo mais leve de mover-se em meio ao inevitável caos, uma lupa mágica capaz de ampliar os simples atos e transformá-los em diamantes com incontáveis quilates. Poesia é a matéria prima do amor incandescente, do beijo morto de fome, do sexo fervilhante e de tudo que traz total sentido à nossa existência nonsense."

Ricardo Coiro

Ela não era minha.





Ela não era minha. E nunca será. Ela não era de ninguém. E nunca será. Aquilo estava mais do que claro. Freud podia explicar. Eu também. Bastava olhar para ela. Ela exalava o perfume da liberdade. Libertava-se, de mim e do mundo, a cada verbo inserido no papo. Quanto mais dizia, mais virava ela e me revirava. Olhava-me como se quisesse prender a minha atenção. E prendia, pois a cada vez que me fazia não desviar o olhar, sentia-se ainda mais livre e poderosa. Ela não era minha. E nunca será. Ela, apesar de já ter tentado ser de outro (a), hoje, felizmente, é apenas daquelas que buscam inspiração. Ela, apesar de já ter aceitado os mais dolorosos acordos, agora, sem dúvida, anda de acordo apenas com ela. Ela nunca foi minha, e nunca será. Aliás: nem dela ela sabe se é. Já que é de Gêmeos, bipolar, multipolar e poetiza.


Ricardo Coiro